A conversa ocorreu um tempo atrás e a fonte desta coluna não soube precisar exatamente a data (“semanas atrás”), mas envolveu Silvio Santos, dirigentes do SBT e outros profissionais de áreas diversas em um encontro informal na emissora.
A reunião corria tranquila quando um publicitário inadvertidamente perguntou a Silvio por que o SBT continuava insistindo em exibir desenhos nas manhãs. O interlocutor em questão disse que a emissora estava “jogando fora seis horas de programação (leia-se dinheiro)”. Isso porque, devidos à legislação atual, há tantas restrições à publicidade destinada ao público infantil que é praticamente impossível hoje se fazer um anúncio de brinquedo, por exemplo.
A fonte desta coluna, presente, disse que poucas vezes viu Silvio Santos tão irritado com alguém. Sem alterar a voz, meneou a cabeça como se estivesse incrédulo com o que estava ouvindo e devolveu ao “conselheiro” mais ou menos estas palavras (a fonte não pode reproduzi-las ipsis literis):
“O SBT não vai deixar de exibir desenhos animados, não. Não me interessa se estou perdendo dinheiro [nas manhãs] porque [para mim] exibir desenhos é uma obrigação para com as crianças. O SBT não está aqui só para fazer dinheiro, tem outras coisas [envolvidas].”
A esta altura o profissional que havia dado o “conselho” já estava com sorriso amarelo e começou a tentar se justificar, mas foi cortado por Silvio, outro fato raro: “Se quiserem tirar os desenhos da grade depois que eu morrer, fiquem à vontade, mas enquanto eu estiver vivo eles vão continuar. O telespectador do ‘SBT Brasil’ de hoje era o telespectador do ‘Chaves’ 20 anos atrás. A criança é a mais fiel dos telespectadores.”
Foi o fim do encontro, entremeado por pigarros e risadinhas abafadas na sala.